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Quando decidi que iria fazer um trabalho voluntário no Peru, precisei de algumas semanas para planejar toda a rotina que teria por lá. Ainda que boa parte da experiência nunca seja exatamente como planejado, valeu a pena ter pensado nos detalhes com alguma antecedência. Afinal, sair da zona de conforto não precisa ser tão desconfortável assim!
Voei de São Paulo no dia 18 de dezembro para Lima, em um domingo pela manhã. Em Lima, passeei pelo bairro Miraflores, onde troquei Reais por Nuevo Sol, a moeda local, com cotação a 0,94. Também comprei um chip de celular por 50 soles, necessário para dar notícias à família sobre a rotina do trabalho voluntário no Peru. Retornei ao aeroporto horas mais tarde e peguei um vôo local “peruvian” para a cidade de Piura, onde dormi em um hostel muito simpático. Ali mesmo já fiz minha primeira amizade: com a dona do Carolina´s Hostel, uma fofa! Sua nora me buscou no aeroporto e me levou até a sua casa, onde funciona o hostel e a rotina de viajantes do mundo inteiro.
Na segunda à tarde, eu encontraria com o restante do grupo para ir até a base da ONG e começar o trabalho voluntário no Peru. Fui para a rodoviária (Terminal Terrestre Castilla) e esperei! Lá os ônibus não têm horários certos. Os motoristas chegam, anunciam o destino aos berros, e quando lotam, vão embora. Mas basicamente a cada hora havia pelo menos um ônibus para Chulucanas, onde estava localizada a nossa base de trabalho voluntário no Peru. O grupo se juntou e lá fomos rumo a Chulucanas. Recebemos a orientação de pedir ao motorista que parasse antes da ponte de entrada do distrito, no restaurante RioSol, onde está localizada a base da ONG. E uma hora e meia depois da saída de Piura, estávamos lá.
RioSol é basicamente um centro recreativo, agora fechado para o público, com atendimento exclusivo à ONG. É uma área bastante ampla, com campinho de futebol e vôlei, duas piscinas (uma fechada e outra que às vezes enchem para o uso recreativo), área para camping, quartos com beliches e banheiros, área de refeição e escritório. Tudo muito simples, com a manutenção e limpeza de responsabilidade coletiva. É fechado, murado, com segurança 24h.
Quando cheguei, éramos 60 voluntários e 10 membros da ONG dedicados à esse projeto de trabalho voluntário no Peru. Boa parte do grupo estava nos seus vinte e poucos anos, alguns na casa dos 30. Mas também tinha um pessoal com seus 40, 50 e 60 anos de idade. E o mais novo completou 19 lá mesmo. Havia gente de toda parte do mundo! EUA, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Espanha, Rússia, Colômbia, Argentina, Equador, Peru, Venezuela, Índia, China. De tudo mesmo! A comunicação era feita basicamente em inglês, algumas vezes em espanhol e alguns grupos acabavam falando na língua materna quando se reuniam. Com tanta gente de tantos lugares diferentes reunida, a organização precisava ser impecável.
Foto: Florian Lubian
Para cada voluntário, foi indicada uma lista com todo o material necessário para o trabalho voluntário no Peru. O básico era: protetor solar, repelente, óculos de proteção, luvas de trabalho, botinas resistentes, garrafa de água, material de higiene pessoal, calça/short para trabalho. As roupas praticamente vão para o lixo depois do trabalho, enquanto eles providenciam as camisetas durante o voluntariado. Também recomendavam roupas para os dias livres, roupa de cama, toalha de banho e dinheiro em cash. Quase nenhum estabelecimento aceita cartão, mas existe na cidade alguns caixas automáticos para retirar dinheiro caso necessário.
Foto: Florian Lubian
Para lavar roupas, eu levei um sabão em barra e lá comprei um sabão líquido. Eu lavava a minha roupa nas bacias, mas boa parte dos voluntários mandava roupas para as lavadeiras da comunidade, pagando algo em torno de 10 soles por 1kg de roupa.
Eu dormia na minha barraca, que equipei com um colchão impermeável, saco de dormir e uma manta. Mas para quem não tem estes acessórios (o que é quase um luxo!), existem alguns quartos com beliches disponíveis. Porém, é necessário pelo menos um colchão de ar para não dormir nas ferragens das camas.
Achei ótimo ter levado uma luminária que carregava com luz solar, um carregador de celular portátil, caderno e caneta para anotações. Também foi bom ter levado a minha canga para estender no gramado e ficar de boa quando havia tempo!
Também levei um Kit de Primeiros Socorros com os seguintes itens: combo de vitaminas; vita-c; benegrip; creme para bolhas e rachaduras; gel relaxante muscular; adesivo salompa para dores musculares; dorflex; floratil (sempre que comia algo fora da base, passava mal); sal de frutas; mertiolate; curativos. Levei ainda cremes para alergia, cremes para queimadura (no final da experiência, queimei minha mão com cimento!) e gel anti-inflamatório. Eu era uma farmácia ambulante, mas usei tudo e algumas vezes dei para o pessoal que precisava também.
O que levei e não usei: um segundo livro que pretendia ler mas não li, algumas roupas, uma sapatilha, uma ferramenta multiuso, cordas.
O que poderia ter levado: protetor auricular, speaker para música, algum presente do Brasil para sorteio na ONG.
Como primeiras impressões, ficou a ideia de que a população respeita muito o trabalho dos voluntários. A ONG é séria e os voluntários trabalham duro e descansam pouco, mas o sorriso de satisfação no final do dia é igual para todos.