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O Daniel, também conhecido como Chiba, é daqueles aficcionados por viagens, colecionadores de lugares. Viajar para ele já nem é hobby, é vício, é necessidade de vida. Ele curte tanto viajar que já perdeu a conta de quantos lugares já conheceu e pra ele, viajar é “relaxar, curtir, sair fora da zona de conforto, abrir os horizontes, realizar um sonho/objetivo (exemplo: selfie na Torre Eiffel ou compras no Soho em NY).” Nessa entrevista o Chiba conta alguns perrengues, algumas histórias e dá algumas dicas legais para viajantes frenéticos – porque conversar com o Chiba é entrar numa montanha russa, já já você entende. Ao Chiba eu só posso dizer: obrigada por este texto tão divertido!!! Ri muito! 😉
Confira!
Ok, vamos lá, pra você, o que é viajar?
É me desafiar a coisas novas, novo cotidiano, e ser uma pessoa mais evoluída do que antes da viagem. E também é empolgação! Até hoje, com os meus 30 anos, eu não consigo dormir na noite anterior de uma grande viagem, fico fazendo a mala até tarde e fico sempre ansioso até o avião partir e aí eu capoto no vôo!
Durante a viagem, honestamente, não sinto a mínima saudade de casa, minha mãe disse uma vez numa das nossas viagens mais longas que ela estava com saudade de casa, eu disse que não, porque a minha casa sempre estará la, meu lençol, meu pijama, minhas coisas.
A sensação de chegar em casa é ótima, não vou negar, mas durante aquelas semanas de viagem não penso mesmo sobre nada de casa, nem mesmo a comida, porque sei que terei acesso a qualquer tipo de cozinha que queria assim que voltar. Eu quero mais é provar a batata frita com maionese de Amsterdam, o crepe de Paris feito com a mão suja do crepeiro, pizza comida com as mãos na Itália, fritas com muito ketchup heinz nos EUA e por aí vai… E na volta sinto um vazio de fim de férias, aquela depressão de ter que voltar pra rotina, de ter que enfrentar as mesmas coisas que você deixou de enfrentar enquanto estava viajando, mas como um bom viajante, já começo a fazer a contagem regressiva pras próximas férias, próximos destinos, próximos companheiros de viagem!
Qual a melhor viagem que você já fez na sua vida?
Isso é sacanagem perguntar! É como perguntar você prefere seu pai ou a sua mãe? (embora eu tenha uma resposta! haha) Enfim, eu não acho que existe a melhor viagem da vida, porque pra mim viajar é algo que me encanta, que me deixa muito feliz, que me empolga e que me deixa cada vez ansioso e nervoso pra próxima viagem chegar logo. Sei que parece um exagero, mas poder conhecer lugares novos e explorar mais ainda lugares já visitados (como NY, no meu caso), é uma benção! Sei que sou muito sortudo de poder viajar e de aproveitar o que uma viagem pode te trazer de melhor. Mas tentando responder à pergunta, eu acho que existem viagens memoráveis, não necessariamente em ordem de preferência, mas simplesmente porque me marcaram: a primeira viagem fora do BR, tinha lá meus 7 anos de idade e meus pais me levaram pra Buenos Aires e Bariloche, naquela época não existia essa coisa de brasileiro dar um pulo pra lá, confesso que não tava entendendo nada porque a gente estava num lugar que não falava nossa língua, eu pensava “por que não fomos pra praia?”
Mas assim que comecamos a visitar a cidade e depois ir na estação de esqui, aquilo me marcou, foi a semente plantada que agora só quer colher frutos e mais frutos! Depois me lembro da primeira viagem com minha familia, nós 4 (pai, mãe e irmão) para os EUA, visitamos cidades que eu já tinha ido antes pra poder guiá-los. É chover no molhado, mas, de novo, poder viajar com a familia pra fora do Brasil (e mesmo dentro do Brasil) não é algo barato, então quando conseguimos ir todos juntos, foi algo muito, mais muito único pra mim.
Outras duas viagens, pra não ficar relembrando de todas as viagens que fiz (haha): primeira vez com meus pais na Europa (sem o irmão mesmo) e agora no final de 2013 quando minha família estava junta de novo “as a 4-piece” me visitando na Itália, me apoiando (como sempre fizeram e farão) nessa nova fase da minha vida.
Como é nova fase da sua vida?
Nossa, eu achei que ja tinha escrito uma bíblia na pergunta anterior, acho que essa ganha então! Vou tentar chegar direto ao ponto. Clichê, mas como estudante fora do país você realmente cresce, ou pelo menos é obrigado a crescer no momento que vive sozinho, seja porque você tem medo ou porque você quer se livrar de certas coisas chatas. Sendo mais claro, odeio passar roupa, mas se não fizer isso, não tem ninguém que o faça. Bom, sempre tem maneiras de você contornar a situação, mas ela custa, não é barato e custa em Euros, daí fica fácil decidir o que tenho que fazer: arregaçar as mangas e bora lá fazer direito pra não ter que fazer de novo!
Outra coisa: quando você está sozinho e com um orçamento mais apertado, você abre o seu leque de habilidades.
Sempre fui muito organizado a minha vida toda, isso me ajuda incrivelmente a planejar as coisas da casa – qual dia tenho que lavar a roupa de cama e banho, considerando se vai chover ou não, o que estou planejando pro final de semana, quem vai vir me visitar em casa e ficar uns dias, o pão está acabando, o papel higiênico também e o sabão esta quase no final, como priorizar as tarefas de casa, passar o aspirador numa semana, mas não o pano, passo na próxima.
Enfim, equilibrar todos os pratos como num circo, às vezes a gente deixa cair mesmo, de propósito, mas sem grilos, sem culpa, sem neuras e estresses desnecessários, levanta a bunda gorda no dia seguinte e faça o que você não fez antes!
Aliás, morar sozinho num país o qual você nunca tinha morado antes e não fala com proficiência a língua local, me ensinou muito a “let things go”. Meus amigos e familiares sempre souberam que eu era super nervosinho, esquentadinho, cheio de argumentar, reclamar, blablabla, garoto chato e enxaqueca, assumo. Mas agora, mais velho e fora da zona de conforto, o maior aprendizado que eu levo é saber priorizar as coisas e dar o devido valor e importância pra elas. Vago, eu sei, mas é saber que não preciso agradar a mim mesmo se eu não passar o pano naquele fim de semana, é saber que se eu quero viajar com amigos pra Paris, tenho que economizar e almoçar em casa, é saber que preciso renovar o visto e preciso provar que tenho xx mil euros em conta corrente no banco local (óbvio que não tenho nem um quarto do valor), é saber não se irritar com a qualidade (na verdade a falta dela) de serviços. Digo que sou mais sábio depois dessa experiência toda. Pode ser que eu regrida daqui uns anos ao voltar pra casa, mas te garanto que pra sobreviver aqui bem, é melhor eu ser sábio e encanar com as coisas certas no momento certo.
Quais foram os seus piores momentos numa viagem?
Meus primeiros meses aqui na Italia foram muito difíceis, tanto pelo lado pessoal, de ter que se adaptar e estar fora da zona de conforto que já falamos, mas também pelo fato de ter que aceitar que não existe cidade como São Paulo, onde eu nasci, cresci e onde eu quero voltar um dia. Por exemplo, antes eu achava inadmissível ser mal atendido num restaurante, fazendo uma piada com os italianos, independente se você vai ser atendido com o jeitinho super simpático deles, quando querem ser, ou do jeito grosso e da cara de “não to nem aí”. Mas aprendi que a cultura deles é construída desta forma (assim como nós adoramos encostar nas pessoas, seja com segundas intenções ou simplesmente porque você gosta da pessoa e quer tocá-la quando estão conversando), e assim que deixei de comparar meu estilo de vida e a facilidade que eu tinha com tudo que eu fazia, o perrengue passou.
Outros momentos mais punks foi quando estava passando o ano novo nos EUA, com amigos na Califórnia, assim que acabei a faculdade e ia começar o trainee, minha mãe estava com infecção e precisava ser operada, nossa, quis na hora pegar um avião de LA e voltar pra casa. Felizmente ela reagiu bem aos medicamentos e não precisou ser operada, apenas repouso total por alguns dias. Último momento, também ainda nesse tema saúde, foi quando em 2012 meu irmão foi atropelado no Havaí, no aeroporto (ele estava voltando pro Brasil), ficou prensado entre dois carros. E eu e meu pai em casa, num fuso horário louco e meu irmão com minha mãe no Hospital, eu querendo ir pra lá, defender o meu irmão no estilo americano, sabe?! Colocando o dedo na cara da pessoa mas sem encostar e ficar peitando (quem vê até pensa que sou super forte pra poder aguentar porrada) e falar poucas e boas pra quem atropelou o meu irmão. Mas ainda bem que no final não aconteceu nada, nada quebrado, apenas roxo e machucado, hoje meu irmão está super bem e não tem nenhuma sequela desse acidente.
O que não falta na sua mala nunca?
Putz, em relação a vestuário, nunca falta uma camiseta pólo lisa, calça jeans escura sem lavagem, sapato de camurça, cuecas pretas e meias pretas. Claro, itens como gel, spray, hidratante corporal e facial, desodorante, barbeador, minhas sandálias Birkenstock (ame ou odeie, eu sei) e um blazer azul marinho. Na mala de mão não pode faltar uma muda de roupa limpa caso seu vôo seja cancelado ou atrasado e você não tenha acesso à mala principal. Já aconteceu isso comigo duas vezes e eu aprendi depois da segunda vez! Ahn e claro, meu MAC e meu carregador do iPhone (suuuuuuper importante, tanto quanto passaporte).
Pra onde será sua próxima viagem?
Será um bate e volta pra Bologna, pra ver um amigo meu do MBA que vai fazer intercãmbio em Wharton, Philadelphia. Eh um dos meus primeiros e melhores amigos aqui na Itália, então vale a pena o trem de 2h, almoçar, conversar, voltar pra Roma. A outra viagem eh no fim de semana seguinte, no feriado italiano, vou pra Londres por 4 dias visitar também uma das minhas grandes amigas, ela está fazendo o estágio dela lá. Boas desculpas pra poder viajar neh!?
Destino dos seus sonhos?
Japão, eu ainda quero ir com meus pais, acho importante eu visitar enquanto eles ainda podem se aventurar.
Ainda mais poder visitar nossas origens e poder entender alguns costumes/valores que perpetuam até hoje.
Acho que vai ser espiritual e intelectualmente incrível e único!
Finalizando: pra você o que é Liberdade?
Honestamente eu sempre lidei muito bem com essa palavra desde sempre. Sei que não tem muito a ver com a questão de viagem, mas na minha casa sempre tive muita liberdade pra fazer o que eu sempre quis, então nunca me senti reprimido ou aquela necessidade de bater as asinhas assim que virar adulto ou sair da casa dos pais. Sei que cada vez mais gosto da minha liberdade de poder fazer o que quiser aonde eu quiser.
O único problema, literalmente, é poder ter grana pra fazer tudo aquilo que quero fazer, mas aí é pra isso que eu trabalho, pra poder satisfazer as minhas vontades viajando por aí, mesmo uma simples viagem de um dia, como ir pra Verona, ou mesmo pra passar o o domingo no interior de SP, são coisas que valem a pena, pois estou me divertindo e feliz em poder viver tal experiência!
Vambora!
Se você gostou da entrevisa, vai gostar de ler o blog do Chiba, que só pelo nome já sabemos do que se trata: Livin’ THE lifestyle conta algumas histórias e experiências do Chiba, ao melhor estilo “Gourmand“, em suas andanças pelo mundo, vale a visita! #superlike #incrível #maissuperlativos #essafotoéamelhordetodas 🙂
Boa leitura, e boa viagem!